quarta-feira, 17 de junho de 2009

Educação patrimonial

Patrimônio: o que é isso?

Qual a idéia que você tem do que seja patrimônio? De que forma esse conceito está incorporado em sua vida e em suas conexões diárias em sociedade?

Segundo os dicionários tradicionais da nossa língua, patrimônio significa herança paterna, bens de família, os bens materiais ou não de uma empresa ou família, riqueza: patrimônio cultural. Até ai, tais conceitos já estão plasmados em nossa cultura e em nosso modo de ver e pensar. Mas será que esse conceito não teria um significado bem mais amplo? Será que não nos esquecemos de avaliar o real significado dessa palavra?

Por motivos e questões bem materialistas, nos esquecemos de classificar como patrimônio a nossa natureza. Se focarmos nossa reflexão na origem de tudo para que pudéssemos criar e recriar todos os conceitos que temos par tudo o que usamos e utilizamos em nosso dia-a-dia, cabe dizer que deixamos de fora a natureza, pois esta é quem dá origem a tudo o que existe. Reclassificando a idéia de patrimônio é correto pensar e afirmar que se não sabemos preservar os bens naturais, certamente não saberemos valorar qualquer outro ser ou objeto que venha a ser julgado um bem. Dessa forma, o conceito de educação patrimonial parte da base de todas as coisas para que cada um entenda o valor individual de cada coisa de fora para dentro do conjunto de todas as coisas que existem na face de toda a terra e suas esferas sócio-culturais e econômicas.

Partindo desse princípio, pensou-se em criar um projeto de educação patrimonial visitando e registrando a base natural existente no nosso município, de modo a catalogar e registra em foto cada espécie característica da região e tentar reconstituir em forma de desenho as que já são extintas, numa tentativa de ensinar o valor que cada um desses seres tem para a preservação da vida e de todos os outros elementos de todas as culturas existentes em nosso meio.

A idéia geral é mostrar que a matéria prima de tudo o que existe encontra-se em perigo de inexistir rapidamente. A consciência de que uma árvore, por exemplo, se crescida à beira de um tanque e cortada para servir de estaca para cerca e não replantada, pode, por exemplo, apressar a morte desse manancial de água, pois ficará mais vulnerável à evaporação, dentre outros problemas. Então, conhecer, compreender e preservar são os princípios básicos para o desenvolvimento desse projeto.

Nesse contexto, surge a idéia do patrimônio cultural como marco a ser preservado e registrado. Perguntas como: você lembra de alguma música de ninar? Ou mesmo, você sabe alguma cantiga folclórica do seu lugar? Pouco se sabe a respeito da cultura do nosso lugar que esteja vivo nomeio da nova juventude. Segundo muitos “essas coisas de folclore são coisas do tempo das nossas bisavós”. Assim, o povo vai perdendo a identidade, esquecendo as raízes, os costumes e por essas questões perpassam muitas reflexões que vão desde a cultural à religiosa. Muitos ensinamentos e discussões servem de pano de fundo desse cenário de vida de uma sociedade.

Muito precisa ser feito para que a população aprenda o que é consciência e o que preservação. É um trabalho minucioso e, por que não dizer, “de formiga”, mas ao mesmo tempo prazeroso e constante, no qual e pelo qual o resultado esperado e alcançado será percebido muito gradativamente e num futuro talvez distante. Mas todo esforço em prol dessa causa será recompensado.

Quando as correntes já não mais têm força para nos segurar

De que é feita a matéria de professor? De que é feita a matéria de gestores? De que é feita a matéria dos jovens? De que são feitas as idéias que transformam o espaço em que cada um vive?

Perguntas instigantes ou intrigantes? Fatos que incomodam ou que corroboram com a falsa idéia de que tudo vai bem?

As respostas talvez ainda venham a cavalo, não sei. Podem demorar um tempo ou muito tempo. O fato é que a situação é real e o momento é de luta. Luta pela sobrevivência, pelo direito de existir e coexistir, de ser e fazer, de viver e transformar.

Aqui e acolá, nessa ou naquela região, pessoas elevadas ao poder destronam a seriedade, o compromisso, o respeito e em seus lugares dão posse ao descaso, ao esquecimento, oferecem a margem como saída, como único refúgio. Tudo isso faz lembrar o tempo de nossos avós, no qual a escola era vista com seriedade, o professor era reconhecido e seu compromisso tinha valor.

Com a banalização de alguns papéis sociais, o do professor foi transformado em mero repetidor de conhecimentos, para que este não consiga levar seus alunos a pensar.

Nesse contexto, cabe perguntar se há necessidade de escola se o seu principal membro não tem mais o respaldo profissional de outrora. Cabe perguntar também que tipo de sociedade se espera par o futuro tão anunciado se não estamos sabendo criar os responsáveis por esse futuro sonhado. No passado, jovens sabiam lutar por seus ideais, alguns até perdiam a liberdade, mas não desistiam de seus ideais por causa dos abusos de poder do governo. Mesmo com os modelos mecânicos de educação implantados pelo governo que necessitavam de mão de obra qualificada nas diversas manufaturas espalhadas por esse país a fora, os jovens construíam em suas mentes os seus ideais de vida e profissão. Os tempos são distintos, mas as situações são paralelas.

Lá e aqui, ontem e hoje, o que vemos é uma sociedade de zumbis, teleguiados pela mídia, que os faz incorporar produtos, assumir características falsas, perder a sua identidade. Tanto ontem quanto hoje ganha são aqueles a quem pouco importa o progresso real da nação brasileira. Lucro é a palavra de ordem, poder é a palavra que dá o mote a todas as outras.

Pensar em futuro talvez seja algo surreal, afinal, todos parecem mutantes de si mesmos transportados ao tempo da escravidão. E muitos são escravos sem notar.

Mas uma coisa que poucos sabem e se o sabem fingem não entender, é que ao passo que muitos não enxergam, tem vários que estão de olhos abertos e armados contra todo o mal trazido pelo abuso de poder. Enquanto maquiavélicos procuram destruir os direitos adquiridos, transformar a juventude em "bois de currais eleitorais", tem gente decente vivendo de forma independente e se preparando para defender seu espaço e seus jovens de toda e qualquer ofensa aos seus direitos.

Na verdade, a matéria de professor é feita de coragem, de luta, de furor na batalha, de força na ponta do lápis e na língua, de força nas pernas e muito calor no seu coração e alma. Gestor que não conhece o calor que tem seus representados é apenas folha morta levada ao vento, pois por mais status que lhe tenha sido concedido, nada pode mudar a determinação de uma massa em busca de seus direitos e objetivos. a matéria de gestor é feita apenas de ilusão, pois o seu poderio dura apenas míseros quatro anos, quando muito oito, pois tudo passa... Veja o dia, tem vinte e quatro horas e acaba!

A matéria do jovem, que é feita em sua maioria de sonhos, depende de gente expressiva para ser lapidada, de espaço para expor seus ideais e construí-los, caso ainda não os tenha. Precisa de amor para que compreenda o que os rodeia e aprendam a preservar e tirar de cada coisa o melhor sem destruir nada.

Enfim, cada um tem seu papel, mas cada um tem também direito e obrigações. Cabe perceber que "um feixe de lenha amarrado" não constitui ameaça a uma nação, mas se espalhados os paus, a vulnerabilidade conferida à nação é tão expressiva, que nem mesmo o tempo consegue apagar os vestígios da falta de organização e reconhecimento de que necessita toda uma população.

Assim, que gestores compreendam que jamais vão calar a voz de um professor e jamais vão banalizar a existência dos jovens e, por fim, que jamais vão instituir o poderio absoluto. A matéria de cada um de nós é sólida por causa por causa da nossa história e justamente por causa dela é que se faz necessário lembrar que a independência já foi proclamada e que não iremos para a guilhotina sem que lutemos até o fim.

Colagens naturais!