terça-feira, 7 de setembro de 2010

De velhos a novos escritores: uma nova distância.

Escrever é uma arte a qual poucos a dominam com a destreza necessária a um bom escritor. Mas dois alunos da EMP Gildte dos Reis Lima, em Monte Alegre de Sergipe, chamam a nossa atenção pela maneira delicada e crítica, ao mesmo tempo, com  que dispõem suas idéias nos textos que escrevem. Deve-se ressaltar que não é importante, no momento, analisar questões estruturais de sintaxe, ortografia e ou pontuação. O que deve ser levado em conta é a criticidade do pensamento dos dois, que mesmo advindos de escolas rurais, percebem o mundo de uma forma diferente da de seus colegas em curso. 
Vale a pena revelar que esses dois alunos, Álvaro e Fabiana, ambos da 7ª série do turno vespertino, pertencem a uma nata de futuros escritores e isso muito me alegra, pois vejo quão apurado se tornam seus sensos críticos. Para que não seja apenas eu a vislumbrar o "desenvolvimento" desses dois estudantes, vou colocar os textos dos dois para que você, meu caro e nobre leitor, analise comigo e perceba o quanto é bom ver seu aluno aflorar para um novo dom, um novo caminho. Tenho certeza do quanto ainda precisamos lapidá-los quanto às formalidades padrão da língua, mas já conforto-me em saber que o melhor eles já tem plasmado em suas idéias.



















Prodígios da cidadania

Historicamente, o sete de setembro representa o momento de glória do Brasil, pois teve a sua independência proclamada, às margens do Ipiranga. Culturalmente, este é mais um feriado, no qual todos se empanturrarão de muita cerveja, churrasco, pirão de peixe e muito banho de rio ou mar. As escolas não mais cantam o  hino nacional, o da independência, o do município  e o estadual, como se fazia em tempo idos não muito distantes. Abre-se aqui um leque para duas reflexões. Uma é sobre o que representa para cada cidadão a tão sonhada liberdade adquirida depois de tanto sangue derramado, de tanta ideologia relegada a segundo plano, de tanto brasileiro perder o lugar, a vez , a voz, a cabeça. Outra é qual será o futuro de uma nação que perde em seu senso o sentido das tradições para a sua cultura, para a sua história, para o seu amanhã. Nesse contexto, quero abrir a discussão fazendo um contraponto dentro das duas reflexões. De um lado teremos o apelo da tradição, do outro a ironia do poder. Neste feriado, no qual muitas cidades interioranas tiveram suas escolas fechadas e comemorado o dia da pátria antecipado, uma escola, em especial, não só abriu as suas portas, como levou às ruas um número razoável de alunos para hastearem a bandeira e cantarem o hino nacional em frente á prefeitura. As pessoas pararam para olhar aqueles futuros cidadãos marchando, trazendo em seus rostos uma interrogação pelo que estariam fazendo, mas, ao mesmo tempo, felizes de estarem se apresentando para as pessoas. Nesse momento nota-se certa resistência por parte dos professores em participar desse evento por ser esta a única escola que estaria cumprindo determinadas regras e obrigações. O fato é que há muito não se tem o sentido patriótico no seio da comunidade, as gerações foram decepando as tradições, (sim, sei que o termo é meio grotesco, eu diria até grosseiro, mas é essa mesmo a realidade) tornando sem "graça" sair às ruas representando o civismo tão aludido no passado. Se de um lado nos pareceu excesso de autoridade nos fazer trabalhar no feriado da pátria, por outro lado nos permitiu contribuir para que a  tradição não morresse e por essa última razão valeu o esforço. Podemos ver abaixo a sequência do desfile da escola até a prefeitura.
Arrumados em frente à escola
Alunos e a professora Andréia no final
Alunos
Professora Iracilda
Coordenador Jailson e mestre da banda marcial
Comissão de frente da banda
Alunos e o professor Ricardo
Escudo da banda
Alunos
Atual escudo da escola com o novo nome
Bandeira da escola com o antigo nome
Comissão de frente da escola no pequeno desfile
Em frente à escola






























Nesse ato de salvação do patriotismo brasileiro, podemos ver nas apresentações, que a mensagem levada pelos professores nas salas surtiu o efeito esperado, pois as crianças se apresentaram com muito prazer em fazer o que lhes foi determinado. Ao término, a diretora nos conta que pessoas idosas reclamavam a falta dos grandes "sete de setembro" de antigamente, revivido na ação dessa escola que não permitiu que a data fosse esquecida e essa é uma recompensa tanto para a escola como para os cidadãos como um todo. Por vontade ou não de seus professores, que desejariam mais um feriado para descanso ou passeio, a Escola Municipal Professora Gildete dos Reis Lima fez com que os cidadãos montealegrenses lembrassem das suas comemorações ao dia da independência e fossem às ruas para ver aqueles futuros (re)construtores da nação exercendo seu livre direito de louvar a pátria, uma vez que ela se faz de cada um de nós indistintamente. Fica aqui o exemplo e a vontade de ser mais cidadão e patriota acima de qualquer credo, partido e ou filosofia. 
Assim, mais um ano se cumpre a tarefa de ser cidadão brasileiro e espera-se pelo ano que vem para trazer mais alunos e pais para a festa da pátria.
Alunos da 7ª série apresentando o retrato do Brasil
Professoras Marleide e Geilsa
Professora Auciene e alunos da 7ª série












Aluna Maisa comentando hino do município



Colagens naturais!