quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Caríssima, não sei se vou até o fim...


Caminho todo dia como se não soubesse o final dessa estrada. Busco iludir-me para não ver o tempo correndo á minha frente e faço de conta que nunca cresci. Caminho sem prever nada, embora veja mais que os meus olhos possam enxergar. Infames pensamentos correm e percorrem meus pensamentos e eu só sei sonhar. Não sei se vou até o fim, pois nem mesmo sei o que seja fim. O que vejo é um futuro distante e um passado tão presente que chega a doer os cheiros e os trejeitos de uma história que nunca caduca. Eu sei que não queres me ver falar assim. Confesso que nem eu. Mas o cansaço me trai e me vejo desfalecendo os sonhos, as forças, as pernas... Ai, as pernas que um dia foram tão ágeis, tão apresentáveis, tão afagáveis... As marcas de um tempo que não volta mais, como o rio que passou na correnteza a galopes. Não sei se quero saber onde fica o “fim”. Não desejo compreender as regras, as normas, os acordes. Lembra, “os meus acordes têm uma nota só...”. Estranho lembrar, foram tempos de glória e eu não sabia. Derramei minha alma e minha sabedoria, meu desejo e minha melancolia e fiz a mais tenra poesia que meu coração já pode conceber. Amei! Amei mais que a mim mesma. Amei conhecer; tanto que me perdi nos corredores do conhecimento e não soube dizer se aprendi. Mas estive lá. Isso bastou. Fui mais que eu mesma, pois mesmo chorando, fui verdadeira. Sozinha sempre, eu sei, porém convicta. Agora a estrada escassa me faz volver. Não quero voltar e nem quero ir, quero apenas ficar e ficar aqui a esperar como que à beira do caminho, no ninho. Onde quero chegar com esse convercê todo? Não sei! Acredita que não sei? Acho que somente aqui e a nenhum lugar. Talvez mais longe do que todos juntos imaginemos. Sei lá. Na verdade me busco. Se me encontrares pelas vagas do mundo, conduzi-me ao ermo da poesia. Lá me sentiria eu! Beth Ferreira

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